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O continente africano assinala esta quinta-feira, 25 de Maio, 60 anos desde a criação da Organização de Unidade Africana (OUA), numa altura em que ainda se depara com complexos desafios políticos, sociais e económicos, sobretudo os conflitos armados.

A criação da antecessora da União Africana (UA), em 1963, na Etiópia, marcou um passo decisivo para a afirmação de África, após o duro processo da colonização, e para o surgimento de um movimento pana-africano que ajudou a desenhar um continente próspero.

A constituição desse pacto africano abriu, sem sombra de dúvidas, uma nova página na história do continente e reacendeu o sonho da autodeterminação dos povos nativos, mas, ao cabo de seis décadas, poucos avanços foram registados.

Nos últimos anos, África regista retrocessos em grande parte dos seus Estados membros, que continuam a enfrentar enormes problemas sociais e económicos, retardando o crescimento e desenvolvimento sustentado.

Os sucessivos retrocessos originam a fuga de cérebros para a Europa, América e Ásia, em busca de melhores condições de vida, realidade que se precisa alterar.

Actualmente, África é a principal fonte de emigrantes do mundo, devido, essencialmente, aos seus elevados índices de pobreza e subdesenvolvimento, à falta de infra-estruturas, aos conflitos e ao deficit de princípios democráticos.

A isso agrava-se o facto de vários países continuarem mergulhados em conflitos armados e convulsões sociais profundas, que resultam, grosso modo, da ineficácia das políticas públicas, além de terem uma excessiva dependência económica.

Apesar das inúmeras riquezas, o continente depara-se com a questão da fome, miséria, do desemprego, da falta de instrução e de condições básicas, como saneamento, água e luz, o que faz recuar os seus indicadores sociais.

Entretanto, a questão das guerras ainda é, por essa altura, um dos problemas mais candentes, sobretudo na Região dos Grandes Lagos, ou seja, na República Democrática do Congo, República Centro Africana, no Burundi e no Sudão.

Além dos conflitos nesses países, a que se junta o da região do Saara Ocidental, o continente tem pela frente a dura tarefa de combater os actos de pirataria e terrorismo, que tendem a agudizar-se, sobretudo, na costa da África Ocidental.

De modo global, África vive um cenário crítico caracterizado pela deterioração dos indicadores sociais, desigualdade na distribuição dos rendimentos, da riqueza e das oportunidades, deficit fiscal elevado e desequilíbrio na balança de pagamentos, além da insustentável dívida externa.

De igual modo, os países africanos registam inflação elevada e controle ineficiente das despesas públicas, sem contar com a carência de infra-estruturas e os altos índices de corrupção.

Continente do futuro

Entretanto, apesar de todo esse cenário complexo, especialistas em relações internacionais acreditam que África venha a ser o continente do futuro. Na verdade, vários indicadores, como a sua densidade populacional, concorrem para isso.

África tem grande diversidade de riquezas naturais, matéria-prima em abundância e uma população maioritariamente jovem, sendo, por isso, um território de oportunidades, em todos os domínios.

Estudos indicam que, no final do século, cerca de 40 por cento da população mundial estará em África, ou seja, a partir de 2035, o número de jovens em idade de trabalho no continente poderá ser maior do que a soma do resto do mundo.

Conforme os estudos, em 2050, uma em cada quatro pessoas poderá ser africana. Outro dado animador é que, em 2030, cerca de 43 por cento dos africanos poderão ser, pelo menos, de classe média.

Nesse ano, de acordo com os estudos, o consumo doméstico deve alcançar US$ 2,5 trilhões, mais do que o dobro dos US$ 1,1 trilhão de 2015. O consumo combinado e os gastos com negócios devem superar os US$ 6,7 biliões.

Entretanto, para que todas essas variáveis sejam consumadas, o continente precisa de buscar a sua real identidade, vencer o paradigma da auto-dependência económica da Europa e América, assim como investir na formação de quadros.

Torna-se imperioso que África melhore a prevenção e gestão de conflitos, adopte o princípio da governação democrática e gestão transparente, da tolerância para a diversidade política e cultural.

De igual modo, as lideranças africanas devem promover o papel da mulher em todas as actividades, criar economias de mercado socialmente orientadas, além de legislação e instituições adequadas para o desenvolvimento esperado.

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